Sobre diários de leitura, projetos abandonados e comparações desnecessárias

Eu fiz alguns planos para esse blog nesse ano, o que achei bem bom, já que eu funciono bem com esses mini acordos que faço comigo. E tanto nos planos do blog, quanto nas minhas resoluções de ano novo eu falei sobre um diário de leituras que eu gostaria de começar, pois bem, eu sabia que queria o tal diário, mas não sabia muito bem o que colocar nele e fui pesquisar "nas internete" algumas referências e dicas sobre o assunto e é ai que começa a treta que me fez escrever esse post.

Photo by Mike Tinnion on Unsplash

Eu sou uma pessoa procrastinadora, e também sou muito prática, então se eu tenho uma tarefa, ou se eu quero fazer algo, isso precisa ser simples, porque eu era daquela pessoa que montava toda a casa toda linda no The Sims e depois não tinha muita paciência pra jogar porque toda a energia foi gasta com a decoração da casa... Então eu preciso que seja fácil para eu não querer adiar. Quando eu criei meu primeiro bullet journal lá em 2016, eu aprendi sobre o assunto da maneira simples, que é a idéia do negócio, ser prático, porém eu fui atrás de referências e já tinha muita gente fazendo lettering e muitas coisas muito bonitas nos Bullet Journal e isso me fez querer fazer também, só que me peguei gastando mais tempo decorando as páginas com minha pouquíssima habilidade artística do que de fato usando o caderno para o propósito que era me ajudar a me organizar.  Além disso eu também me frustrava um pouco quando não ficava tão bonito como eu esperava.

Abrindo um parêntese sobre organização, finalmente eu consegui relacionar a minha desorganização e a minha procrastinação. Eu enrolo tanto com as coisas que não consigo me organizar, porque eu procrastino INCLUSIVE qualquer tarefa que eu estipule para organizar qualquer coisa. E com tudo bagunçado, é mais difícil fazer as coisas o que faz com que eu procrastine ainda mais e vamos de ciclo destrutivo...

Mas voltando sobre a estética do bullet journal... O mesmo aconteceu com o diário de leituras, que em quase todos os vídeos que encontrei, é chamado reading journal . E ai começou a me dar um certo incômodo quando eu vi muitos vídeos sobre a estética desses cadernos e quase nenhum sobre os conteúdos, o que me fez questionar algumas coisas em mim e que eu quis trazer pra cá para ver se é só comigo...

E vamos de lista (porque adoro uma lista).

  • por que a gente usa tantos termos em inglês para coisas e situações onde existem termos em português que atendem perfeitamente? E aqui eu incluo o diário em tópicos e o diário de leituras. Exceto os casos em que as pessoas estão escrevendo/ falando para treinar o idioma, me incomoda um pouco a gente ignorar a riqueza da nossa língua.
  • por que a estética das coisas algumas vezes se torna tão mais importante do que a funcionalidade? E resumindo o que eu quero dizer aqui: eu vi cadernos maravilhosos e eu fiquei encantada com a habilidade das pessoas em colagem, em desenho, lettering (pra esse eu não achei um termo em português, me ajudem!) e afins e eu acho que cada um faz as coisas como acha que deve, mas eu sei que é meio intimidador pra mim, por exemplo, saber que no máximo vou conseguir escrever com umas canetas diferentes e ai eu sei que vou ter que me lembrar sobre o propósito da prática ao invés de ficar comparando a estética com as inspirações da internet. Isso aconteceu durante muito tempo com meus blogs, eu achava que usar o layout padrão do blogger fazia dele um blog menos interessante, independente se meu conteúdo fosse bom.
  • a gente ainda se compara muito, mesmo que sem querer, mesmo sabendo que não deve. E por que raios eu estou comparando algo que eu estou fazendo só para organizar minhas leituras com o que outras pessoas estão fazendo, independente das motivações delas (que eu sequer sei quais são)?
  • eu quero muito acreditar no propósito das coisas, então sei que vou precisar me manter muito firme no que eu me propus a fazer enquanto fizer sentido pra mim, para que eu não ache que o meu não serve só porque não está seguindo as tendências. E isso serve para tudo. Sabe aquela coisa do ficar esperando tudo ficar perfeito para começar qualquer coisa? As vezes isso acontece comigo e é um pouco cansativo porque eu tenho que voltar e lembrar que feito é melhor que perfeito.
Eu acho que foi isso, o negócio me engatilhou inteira e minha terapeuta está de férias então rolou muita autoanálise por aqui. Essa postagem não é um crítica a forma como as pessoas fazem suas coisas, é mais um amontoado de pensamentos sobre como eu tenho reagido a esse tipo de situação e também uma lembrança para todo mundo que, assim como eu, está deixando projetos, planos e idéias pra depois porque está esperando tudo ficar lindo, o caderno perfeito, o computador novo, a câmera profissional, e o que mais vocês estejam esperando para poder começar... Apenas façam o seu melhor de hoje, com o que você tem hoje, e conforme as condições forem mudando, continuem fazendo o melhor... Só assim a gente aprende, aperfeiçoa e tira as coisas do plano das idéias.

Mas chega de monólogo... Vamos conversar sobre isso nos comentários? Me contem quais projetos estão parados por ai, o que falta para eles andarem e o que vocês pensam disso tudo...

Até mais,

Comentários

  1. Oi!
    Olha, acho que a linha entre procurar referências/se inspirar e se comparar com as pessoas é bem tênue. Pois a gente vai lá procurar pra ter uma ideia do que fazer e acaba achando tudo o que a gente faz insatisfatório, só porque fica se comparando. Hoje eu tô conseguindo mais fazer as coisas que pra mim são essenciais e deixando essa parte da estética (por ex) pra trás. Tento mesmo não olhar as referências como comparações e acho que tô indo bem. Tem hora que dá a recaída? Tem, e por isso eu adio coisas que quero fazer pensando no "mas não tá perfeito", só que é isso né? A gente tem que ir tentando e se questionando.
    Eu não acho que seja ruim você criticar essas formas de como as pessoas andam mostrando as coisa que fazem, pois é criticando que se pensa sobre, e questionar também o porquê de hoje tudo ser tão superficial.
    O exercício é esse mesmo: fazer o melhor com o que temos agora, e conforme for melhorando as condições continuar dando o nosso melhor. :)

    Muito boas suas reflexões, Aline. Me fez pensar bastante também, o que é ótimo né!
    ;)

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    Respostas
    1. Oi Julie,
      Realmente é bem tênue essa linha e eu vejo que cada vez mais os conteúdos são voltados para a estética das coisas e cabe a nós entendermos os nossos propósitos e fazermos o melhor que podemos sempre. Sem nos comparar!

      Obrigada pelo carinho!
      :)

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